Xandhi terminou a ordenha e alisou o pêlo emaranhado da iaque, depois a liberou para pastar pela pradaria. Antes de levar o leite para dentro de casa, recolheu todo o estrume do estábulo e colocou dentro da estufa para queimar e aquecer a cabana onde moravam.
Com o leite fariam manteiga, queijo e xarope, além de beberem quente para aquecer o corpo no frio. Ela olhou o rebanho pastando ao longe feliz em saber que os animais os respeitavam e partilhavam a vida segura e tranquila de Shangri-la.
Ainda lembrava como se fosse ontem o dia que chegara ali com a avó e o irmão fugindo do horror de ver sua aldeia sendo saqueada por três Ietis das montanhas. O pai ordenara que ela salvasse a mãe, a avó e o irmão enquanto ele se juntaria aos homens da aldeia para a defender com a própria vida se fosse preciso. Mas a mãe se recusara a partir e deixar o marido sozinho sucumbindo junto com toda a aldeia. Para ela não havia escolha a não ser atender ao pedido do pai, os três partiram levando a dor e o medo como companheiros. Erraram por dias a fio na neve congelante sem rumo. Quando não parecia mais haver esperança de salvação, a aldeia sagrada apareceu no horizonte como um oásis no meio do deserto. O paraíso que tantos buscaram sem sucesso e de onde muitos fugiram por não estar preparado para alcançar a paz de espírito quase alucinante. O paraíso que surgira do desespero e da incerteza, do medo e da dor.
Ela agora sabia que Shangri-la era sagrada porque abria seus braços maternos para os que mais necessitavam e os que menos ambicionavam, fossem humanos ou não.
Inspirou enchendo os pulmões de ar gelado e expirou soltando fumaça pelo nariz, depois colocou a manta feita de pêlo de iaque em cima dos ombros, pegou os baldes de leite e foi até a cozinha. O ar quente da habitação a envolveu lembrando o colo aquecido da mãe quando era pequena. Enquanto aquecia um pouco de leite ouvia a voz grave da avó contando histórias para Jamhàal sentada na sala forrada com a lã da última tosa dos iaques da aldeia.
Inspirou enchendo os pulmões de ar gelado e expirou soltando fumaça pelo nariz, depois colocou a manta feita de pêlo de iaque em cima dos ombros, pegou os baldes de leite e foi até a cozinha. O ar quente da habitação a envolveu lembrando o colo aquecido da mãe quando era pequena. Enquanto aquecia um pouco de leite ouvia a voz grave da avó contando histórias para Jamhàal sentada na sala forrada com a lã da última tosa dos iaques da aldeia.
Quando o leite ferveu, levou três xícaras e se juntou aos dois agradecendo mentalmente pela oportunidade de ter sido escolhida para viver em Shangri-la.
Fazia tempo que não lia uma boa estória, mesmo que ela fosse breve como um conto...fiquei com vontade de me acolher nesse recanto de Shangri-la...
ResponderExcluirPuxa, Sangri-la é um lugar tentador, quase pude sentir a brisa fresta sobrando da relva dessa terra bem aventurada :-)
ResponderExcluirVc tem uma propriedade sobre a escrita, não deveria deixar de escrever ou ser tão negligente ao hábito. Um romance escrito por vc certamente seria uma obra de deleite sem igual,como a que poucos escritores são capazes. Pense nisso e volte a exercitar esses dedos, arranje um tempinho entre suas leituras do resumo de novelas e as tarefas da faculdade e vá construindo seu patrimônio intelectual literário, aos poucos se chaga ao longe, o importante e não deixar pra trás. Bjão one-chan, gostei muito do miniconto, já havia ate dito
ResponderExcluirObrigada Celly pelo elogio. Você tem razão quando diz que tenho sido negligente, tenho mesmo, mas não é por causa da faculdade ou desses resumos que você diz que eu leio, e sim por minha causa, por não estar sabendo lidar com esse momento tão bem quanto deveria. Mas sei que vou me superar, e vou voltar, uma hora ou outra vou voltar. Bjs. <3
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