Dedicarei esse texto a minha mana que alegra meu cantinho com suas visitas silenciosas e que também faz parte desta história. Minha mana mais velha que foi meu exemplo a seguir na infância e que a fez muito mais colorida. É para você Sol...
Se perguntarmos a uma criança qual sua festa preferida, com certeza ela responderá sem exitar duas delas, o São João e o Natal; e conosco não era diferente.
Lembro-me do meu pai cortando a lenha para fazer a fogueira Caueira com toras grossas para que fizesse muita brasa e assim assássemos milho no espeto como os americanos fazem com o marshmellow.
Minha mãe e minha tia passavam o dia 22 e o 23 ralando milho e coco para preparar as deliciosas iguarias: canjica, mungunzá, arroz doce, bolo de milho e aipim, batida de frutas, milho cozido e ainda tinha o pé de moleque comprado na feira feito com mandioca.
À tarde no dia 23 nos vestíamos com as fantasias de caipira com direito a tranças e pintinhas na bochecha, depois junto com a meninada da vizinhança dávamos inicio as brincadeiras que seguiam até o amanhecer. Para brincar as brincadeiras de São João não precisa ter idade, apesar de ter uma certa periculosidade, pois, já dizia minha vó; quem brinca com fogo corre o risco de sair queimado. Mas graças a Deus nunca houve nenhum acidente com nenhum dos nossos.
Nesse dia a festa não era só nossa ou só do vizinho, era de todos formando uma grande família que corria e pulava, dançava ao som do pé de serra e arrastava o pé a noite toda (dois para lá e dois para cá).
Apesar das noites frias de inverno, não sobrava tempo para a apatia, todo mundo entrava na folia e não via a noite passar.
São tantas as lembranças que dariam um livro, mas como tudo no mundo muda, eu também mudei. Não temos mais nosso pai para fazer a fogueira e por isso temos que comprá-la todos os anos agora, não vivemos mais perto das tias e agora somos todos adultos. Hoje a alegria está em preparar a festa para os pequeninos, preparar as comidas típicas e dançar forró da terra (forró pé de serra) para aquecer a noite junto com o vinho.
Nossos novos caipiras.