domingo, 8 de janeiro de 2012

Sozinha


Hellen sentou na cadeira próxima a janela e começou a folhear um livro que sequer conferira o titulo, sabia que não o leria, talvez nunca mais o fizesse. Ler agora não fazia mais sentido sem sua irmã por perto. Com quem discutiria sobre o quão bom era, ou sobre as falhas deixadas pelo autor? Rosana a deixara sem se importar em como ela ficaria sem sua companhia. A deixara entregue aos leões, com uma dúzia de sentimentos negativos inundando seu ser e não a perdoaria nunca por isso. Agora só sentia ódio e uma vontade louca de ver a dor estampada no rosto dos outros, era injusto que só ela sofresse enquanto o mundo ria indiferente ao seu sofrimento.
E o que mais doía, eram as lembranças. Uma música cantada em dueto arrancando risos por causa do inglês imperfeito ou da voz desafinada, uma cena duramente criticada e analisada, os passeios por ruas desconhecidas com a desculpa de um compromisso urgente só para fugir de casa por alguns minutos, os sonhos impossíveis sussurrados durante a madrugada...
Acima de tudo a certeza de nunca estar sozinha apesar de tudo. Viveriam para sempre juntas, mas Rosana se fora e agora teria de seguir em frente. Sempre em frente...

3 comentários:

  1. Um conto muito bonito que passa um sentimento triste e melancólico, gostei muito.

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  2. Curto e expressivo. Muito bem escrito, tocante, dramático. Adorei, Yane!

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  3. Nos faz pensar em varios tipos de perda, tanto a fisica, quanto a feita através da distancia...toca fundo na gente, mesmo em poucas linhas.

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