domingo, 29 de maio de 2011
Selo Seu blog é encantador!
Ganhei esse selinho do blog Alone in the dark, o que me deixou muito feliz.
Sei que muita gente considera o fato de ganhar selinho uma daquelas correntes hiper chatas que rolam por ai (O que pra mim nem se compara, mas, cada qual com sua opinião), mas eu particularmente adoro. Acredito que essa é uma forma de carinho que diz mais que mil palavras, e receber carinho é sempre bom...
Obrigada Giza pela lembrança.
Agora a parte de praxe:
Regras para quem recebe o meme:
1- Para você, o que faz seu blog ser encantador?
Para mim, o fato de as pessoas visitarem, comentarem, o carinho que recebo dos amigos bloggers e o desafio literário que deu um ar eclético (se é que poderei falar assim, rsrsrs.) a esse modesto espaço.
2- Link o blog que te enviou o meme e diga o que acha dele.
http://aloneinthedark30.blogspot.com/, esse é o link para quem quiser conhecer.
Deliciosamente arrepiante, informativo, gostoso de acompanhar a cada evolução, a cada novo post, brilhante. Se duvidarem, confiram. (vale a pena)
3- Repasse este meme para todos os blogs que você considera encantador.
A fantasista
Brisa Noturna
Infelismente minha lista é muito pequena, :(
Mas fica a boa intenção.
domingo, 22 de maio de 2011
Fim de tarde...
Você lembra, lembra!
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho
De cowboy...
(Roupa Nova)
Sentou-se no banco da orla como fazia todas as tardes, sentindo o vento sacudir suas roupas e inspirou o ar calmamente. As ondas batiam nas pedras e se desfaziam em espumas brancas, o sol rubro descia no horizonte rumo ao desconhecido.
Apesar de a vista embaçada divisar apenas sombras confusas, gostava de assistir aquele espetáculo que após tantos anos ainda achava ser um milagre. De todas as coisas que presenciara na vida, a natureza era a única que ainda lhe reservava maravilhosas surpresas. Lembrava-se com perfeição de sua vida de menino, de como gostava de subir em árvores, nadar pelado no rio, correr entre as árvores do sitio, galopar pelo pasto no Pintado, ordenhar a vaca Cabrita... Foi ele que a batizara com esse nome, só por que quando ela era bezerrinha vivia saltitando no pasto feliz da vida.
Sentia muitas saudades daquela época, mas sentia ainda mais saudades do Herói, seu cão perdigueiro, foi o melhor amigo que podia ter existido no mundo; fiel, companheiro, cúmplice, divertido e muito faceiro. Tudo que fazia, ele topava sem reclamar, corria atrás do Pintado pelo pasto, tomavam banho de rio, caçavam na mata e pescavam na bica.
Lembrava com freqüência do dia em que ele chegou à casa grande pequenino e resmunguento, foi simpatia a primeira vista, pegou-o no braço e acariciou, recebeu uma lambida de cumprimento. Herói tinha um cheiro bom, cheiro de cachorro, mas era bom, adorava ficar sentindo o cheiro dele enquanto dormia nos seus braços. Uma vez, ele até colocou um gato do mato pra correr só por que percebeu o perigo que o animal lhe representava, e isso fez com que o admirasse ainda mais, eita bicho corajoso sô! Sorriu só de lembrar.
Herói viveu quatorze anos, mas por ele estaria vivo até hoje, quem sabe assim sua vida teria mais sentido, não sentiria tanta solidão apesar da família enorme que havia construído. Um dia sua casa foi barulhenta, agora o silêncio era seu companheiro; sua vida fora corrida e seu tempo curto, mas agora sobravam horas no fim do dia; antes tinha sempre um ombro amigo para ofertar, uma palavra de conforto para doar, agora sua boca mal articulava um bom dia, as pessoas não tinham mais paciência para lhe escutar.
Mas nem tudo era amargura no fim, havia lembranças para confortar um corpo calejado, enrugado, e estranhamente cansado. Havia também sua esposa Edite companheira e cúmplice como Herói. E havia também a pequena Julia, esperta e sagaz, com seus poucos anos de vida, lhe ensinava valorosas lições de amor, sua razão de continuar seguindo em frente até que a escuridão da noite trouxesse seu merecido descanso.
Mas enquanto o descanso não vinha, continuaria sorrindo como um bobo com as lembranças que lhe acompanhavam dia após dia, sentindo prazer em vislumbrar daquele banco marrom na orla da praia o espetáculo do entardecer
domingo, 15 de maio de 2011
Resenha Quase Inocentes
Quando o assunto é criança, o que nos vem imediatamente à cabeça é a doçura, ingenuidade, pureza e muitas coisas agradáveis. Mas ao lermos Extraneus vol. 2 - Quase Inocentes, nos convencemos que nem sempre essas características condizem com a realidade.
De início nos deparamos com uma adorável garotinha e seu inseparável ursinho de pelúcia a quem carinhosamente batizou de Dentinho. Aliás, “Dentinho” é o titulo do primeiro desses 15 surpreendentes contos que preenchem magistralmente essa deliciosa antologia de contos de terror.
Depois de “Dentinho” de Georgette Silen enveredamos pelo mundo soturno de Giulia Moon com uma espertíssima “Criança Noturna”.
Definitivamente essa garotinha me fez lembrar uma outra também fascinante vampirinha, Claudia do livro Entrevista com o Vampiro. Mas, claro, Claudia era loura como um anjo de olhos vítreos ao contrário dessa japonesinha de olhos puxados que faria qualquer um querer levá-la para casa.
M. D. Amado nos trás “Corações Negros”, um conto instigante, protagonizado por uma enfermeira carinhosa que trabalha em uma maternidade, e suas três adoráveis crianças, possíveis herdeiras de seu fatídico legado.
“Vestido Cor-de-Rosa”, de Camila Fernandes, me lembrou Clarisse Lispector com seu tom realista. Infelizmente histórias como a da menina Joelma acontecem todos os dias no mundo, mas nem todas elas possuem a coragem que essa menina tem no final.
“A Revelação Kyngá”, de André Bozeto jr. Nos remete ao mundo lupino e nos faz refletir. Afinal o que um pai e uma mãe não são capazes de fazer pelo amor a um filho?
“Guardian Angel”, de Luciana Fátima, nos trás uma mistura de sentimentos contraditórios. Sentimentos que ora nos fazem querer mudar o destino desse anjinho, outra nos fazem aceitar o destino dele.
“O Presente de Berenice”, de Adriano Siqueira trata-se de um conto consideravelmente curto e de fácil leitura. Narra uma aventura agradável, com um final não só surpreendente, mas também divertido.
“Loucos, Ocos, Passos de Sopros” de Lucas Rezc, nos trás um misto de tudo; aventuras, piratas, suspense, misticismo e magia dando um toque especial a esse conto de terror.
“O Grande Estopim para a Vida Criminosa de Alice Carmesim” de Luíza Viana.
O titulo nos faz lembrar os romances policiais de Agatha Christie. E o conto não deixa por menos, é convincente e envolvente.
“Brincadeira de Criança” de Juliano Sasseron nos mostra a difícil e às vezes até traumática passagem da infância para adolescência. Essa complicada fase onde sentimentos contraditórios digladiam-se por um espaço dentro da gente. Onde não se é mais criança, mas também ainda não se é adulto.
“Os Servos de Thoth” de Ana Lúcia Merege nos faz viajar para um mundo fascinante, onde existem reis déspotas, sacrifícios e oferendas, injustiças e desigualdades. Onde um pequeno escravo mostra sua coragem e fé no seu Deus, mostrando-se capaz de um grandioso feito para cumprir sua missão. Este conto que se passa no Egito Antigo, reúne ingredientes suficientes para nos proporcionar uma agradável e fascinante leitura.
“O Poço das Harpias” por Celly Monteiro.
Um conto surpreendente, quase palpável, minuciosamente relatado nos fazendo perceber que para a personagem, apesar do tempo transcorrido, tudo ainda a machuca como se tivesse sido ontem.
Amor, traição, compaixão, ódio e vingança se juntam perfeitamente nesse horripilante conto de terror deixando um gostinho de prazer no final.
“Reversões” de André Carreiro Fumega traz as aventuras nada saudáveis de três diabinhos que tem como passatempo praticar vis crueldades.
Quem nunca conheceu uma criança perversa que sente prazer em torturar animais indefesos?
Eu conheci várias. Aliás, acho que fui vizinha do Léo, do Rafa e do Edu quando era pequena.
“Duas Crianças e Duas Chaves” de Felipe Pierantoni narra como o ódio e a rivalidade entre duas localidades pode influenciar gerações após gerações. Mostra também como a guerra não trás nada de benéfico, principalmente para as crianças.
Finalmente o 15º conto. “Caindo no Despertar” de Suzy M. Hekamiah que vem fechar de forma brilhante essa antologia.
Um conto envolvente que consegue nos prender até seu desfecho final.
Oliver que no início se mostra confuso, perdido, como uma peça que não se encaixa no quebra cabeça, vai sutilmente mostrando a que veio, tomando finalmente o lugar que lhe é de direito no mundo.
Bom, termino por aqui minha resenha da mesma forma que acabei de ler o livro, com um desejo enorme de ter muito mais. Nem acreditei quando cheguei ao fim. Definitivamente virei fã desses 15 autores sensacionais. Parabéns a todos! O tema é ótimo e a idéia merece ser repetida. Esse eu recomendo!
domingo, 8 de maio de 2011
Encontro marcado
Eram quase sete e meia da noite e ela ainda estava no escritório presa com um relatório urgente, mas sua cabeça estava em outro lugar, mais precisamente em sua casa ou em quem a estava esperando lá. Tinha um encontro importantíssimo e iria chegar atrasada pra variar. Precisava se concentrar no trabalho para terminar logo e não perder mais tempo, senão só chegaria em casa nove e meia, isso se o trânsito fosse condescendente com ela.
Olhou novamente para o relógio ao lado do monitor do computador, sete minutos para as sete e meia, só mais uma revisão e estaria pronto, sairia a tempo.
Finalizou o trabalho, imprimiu e entregou ao chefe, que o aprovou e a dispensou, podia ir embora finalmente.
Ele sempre ressaltava sua competência e disponibilidade, uma funcionária exemplar, digna de toda confiança. Havia conseguido chegar onde muitos desejavam estar, mas por puro mérito seu, amava o que fazia, era uma mulher realizada, mas infelizmente só na vida profissional, por que na pessoal, tinha muito que lamentar.
Pegou a bolsa e a chave do carro e correu para o elevador: “Será que ele ainda a estaria esperando, ou havia desistido”?
Abriu a porta e entrou, apertou o T e desceu, pegou o carro na garagem e partiu para a estrada movimentada. Parecia que todo mundo tinha pressa de chegar, ou seja, não chegariam tão cedo a lugar algum. O trânsito lento, o barulho, as buzinas irritantes se juntaram a frustração de ver a hora se esvair sem avanços fazendo seu humor minar pouco a pouco.
Parou o carro no estacionamento do prédio as dez em ponto, meia hora depois do esperado e subiu no elevador derrotada. Tinha certeza que ele não aguentara esperar tanto, estava mais que atrasada. Perdera as contas de quantas vezes furara com ele, quantas vezes o fizera esperar em vão.
Seguiu pelo corredor procurando as chaves de casa em meio ao buraco negro que era sua bolsa, quando achou, já estava em frente à porta. Abriu e entrou esperançosa, mas só encontrou o vazio, o silêncio de sua sala escura e triste. Ele já dormira, ela furara mais uma vez.
Jogou as chaves na mesa de centro e foi até seu quarto também vazio, largou a bolsa em cima da cama e foi até o banheiro lavar as mãos e o rosto. Depois foi até o quarto ao lado dar pelo menos um beijo de boa noite, sentir seu perfume doce e contemplar sua face rosada.
Entrou de fininho e acendeu a luminária clareando o quarto com a luz azulada e agradável. Lá estava ele, dormindo em seu berçinho quente e confortável, a expressão tranqüila, as pálpebras serradas, as bochechas rosadas...
Passava o dia todo com aquela imagem tão perfeita na cabeça, recordando sem cessar todos os detalhes, com o coração apertado por estarem longe um do outro. Seu filho crescia longe de seus olhos e de suas asas, mas não podia reclamar, fora por escolha própria. Escolhera ser mãe, mesmo sabendo que não poderia abrir mão da vida profissional por isso. Pois, ser mãe era muito mais que amar e cuidar, era educar, alimentar, vestir e se doar... Se doar sim, por que era por ele que ela sofria dia após dia atrás de uma mesa de escritório, tendo que se superar dia após dia pra ser boa no que fazia, era por ele e para ele que se dividia em tantas sendo uma só.
Sabia que ele não compreenderia, e não iria compreender até que fosse adulto, mas não fazia diferença, não se arrependeria nunca por ter escolhido ser dele, mesmo sabendo que havia tanta coisa em jogo. A única coisa que lhe cabia nesse papel que escolhera, era amar de longe, sofrer de longe e esperar uma recompensa que nunca chegava.
Pegou na mãozinha rosada e aquecida, beijou a palma e sentiu o cheirinho de sua pele.
Ele fechou a mão em volta do dedo polegar da mãe e apertou, depois relaxou e soltou lentamente. Só queria senti-la, mesmo não tendo conseguido esperar acordado, sabia que ela estava ali agora. E essa era sua forma de dizer isso.
Sara se deixou ficar por algum tempo e depois foi tomar banho. Pensou em muita coisa ao lado dele, mas no fundo sabia que não podia se culpar pra sempre, ela não era a única mãe no mundo a passar por isso.
domingo, 1 de maio de 2011
O Mar
Há coisas na vida difíceis de compreender, dormimos e quando acordamos nada mais é como antes. Não sei como foi, senti uma dor muito grande quando vi. Foi como se tudo que vivi não tivesse valido a pena. O mar lava a terra e apaga todos os passos que demos, todos os sonhos que tivemos, todos os momentos belos que tivemos.
Ainda agora olho para o mar e não acredito que ele foi tão implacável conosco. Todos nos avisaram que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, mas não quisemos acreditar. Achei que não estaria mais viva para ver. E de repente acordo e o que vejo é destruição, fúria e revolta. Muita revolta.
É preciso ir, mas não consigo desenterrar os pés dessa areia quente que os calejaram. Onde antes havia a calma serena de um rio, agora habita as ondas furiosas do mar que o destrói. Onde havia coqueiros belos e altos, restam raízes arrancadas à força de seu berço. Onde havia casas simples e aconchegantes, apenas destroços. Os barcos, apenas madeiras pintadas e sem nenhum valor. O mar se aproxima mais e mais das casas restantes. Logo será a minha que irá adormecer no fundo do que fora o meu sustento um dia, do que fora o meu medo e minha alegria.
Está sendo difícil ir e deixar este lugar. Não tenho mais para onde ir, estou velha demais para bater asas e voar para outro lugar. Aqui nasci e me criei. Uma vez ou outra é que pegava a barca e ia à feira da cidade, mas logo voltava a pisar no meu reino querido onde muitas vezes fui princesa e fui rainha na minha imaginação de menina, onde tudo era belo e simples.
Lembro-me perfeitamente de tudo. Vejo um filme passar diante de meus olhos e me admiro como minha história está entrelaçada com a deste lugar e com a deste rio que se foi quando nunca imaginávamos que isso aconteceria.
E é nesse lugar que estão os meus pais, meus irmãos, meus filhos e netos que já se foram. Agora todos ficarão para trás, como se mais de sete décadas não fizesse diferença. Vou arrumar minhas riquezas, tudo o que posso carregar e o resto vou deixar para o mar. Não posso deixar que ele leve os meus bordados de anos e anos guardados, os quadros dos meus mais caros parentes, os meus livros que já não me dizem mais nada, mas já me fizeram feliz há tempos atrás, e, as mais belas lembranças que possuo e que mar algum levará.
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