domingo, 22 de maio de 2011

Fim de tarde...

                                                               



Você lembra, lembra!
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho
De cowboy...
(Roupa Nova)

Sentou-se no banco da orla como fazia todas as tardes, sentindo o vento sacudir suas roupas e inspirou o ar calmamente. As ondas batiam nas pedras e se desfaziam em espumas brancas, o sol rubro descia no horizonte rumo ao desconhecido.
Apesar de a vista embaçada divisar apenas sombras confusas, gostava de assistir aquele espetáculo que após tantos anos ainda achava ser um milagre. De todas as coisas que presenciara na vida, a natureza era a única que ainda lhe reservava maravilhosas surpresas. Lembrava-se com perfeição de sua vida de menino, de como gostava de subir em árvores, nadar pelado no rio, correr entre as árvores do sitio, galopar pelo pasto no Pintado, ordenhar a vaca Cabrita... Foi ele que a batizara com esse nome, só por que quando ela era bezerrinha vivia saltitando no pasto feliz da vida. 
Sentia muitas saudades daquela época, mas sentia ainda mais saudades do Herói, seu cão perdigueiro, foi o melhor amigo que podia ter existido no mundo; fiel, companheiro, cúmplice, divertido e muito faceiro. Tudo que fazia, ele topava sem reclamar, corria atrás do Pintado pelo pasto, tomavam banho de rio, caçavam na mata e pescavam na bica.
Lembrava com freqüência do dia em que ele chegou à casa grande pequenino e resmunguento, foi simpatia a primeira vista, pegou-o no braço e acariciou, recebeu uma lambida de cumprimento. Herói tinha um cheiro bom, cheiro de cachorro, mas era bom, adorava ficar sentindo o cheiro dele enquanto dormia nos seus braços. Uma vez, ele até colocou um gato do mato pra correr só por que percebeu o perigo que o animal lhe representava, e isso fez com que o admirasse ainda mais, eita bicho corajoso sô! Sorriu só de lembrar.
Herói viveu quatorze anos, mas por ele estaria vivo até hoje, quem sabe assim sua vida teria mais sentido, não sentiria tanta solidão apesar da família enorme que havia construído. Um dia sua casa foi barulhenta, agora o silêncio era seu companheiro; sua vida fora corrida e seu tempo curto, mas agora sobravam horas no fim do dia; antes tinha sempre um ombro amigo para ofertar, uma palavra de conforto para doar, agora sua boca mal articulava um bom dia, as pessoas não tinham mais paciência para lhe escutar. 
Mas nem tudo era amargura no fim, havia lembranças para confortar um corpo calejado, enrugado, e estranhamente cansado. Havia também sua esposa Edite companheira e cúmplice como Herói. E havia também a pequena Julia, esperta e sagaz, com seus poucos anos de vida, lhe ensinava valorosas lições de amor, sua razão de continuar seguindo em frente até que a escuridão da noite trouxesse seu merecido descanso.
Mas enquanto o descanso não vinha, continuaria sorrindo como um bobo com as lembranças que lhe acompanhavam dia após dia, sentindo prazer em vislumbrar daquele banco marrom na orla da praia o espetáculo do entardecer

6 comentários:

  1. olá minha doce amiga!!!
    lindo texto!!!
    te gosto muito!!!
    visite meu novo cantinho:
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    beijos

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  2. oi amiga!!! tem selinho no meu blog para você:
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    beijos

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  3. Muito lindo Yane, você desliza pela narrativa feito brisa na relva e nos faz relembrar coisas de nossa propria vida, ou coisas que, sabemos, ainda iremos sentir. Em poucas palavras, vc demonstra uma sensibilidade admiravel, parabéns!

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  4. OI MINHA LINDA AMIGA!!!!!!
    PASSANDO PARA LHE DESEJAR UM DOMINGO CHEIO DE PAZ E ALEGRIAS!!!!!
    BEIJOS DE QUEM TE ADORA E ADMIRA MUITO!!!
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  5. Nossa, de dar nó na garganta, de um tom tão nostalgico que arranha. Muito bom,adorei!

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